Crítica: Piratas do Caribe - Navegando em águas misteriosas
Quem achava que Orlando Bloom e Keira Knightley fariam falta, perde essa sensação logo nos primeiros minutos de projeção. O que faz a diferença em Piratas do Caribe são os piratas, e indo de encontro ao que todos dizem, não apenas Jack Sparrow, mas também o excelente Geoffrey Rush como Barbossa. O ator confere um aura de respeito a qualquer produção que esteja, e é sempre bom vê-lo de volta em projetos mais leves.
A novidade mais instigante deste novo filme era a troca de comando na cadeira de diretor: sai Gore Verbinski, entra Rob Marshall, um artista mais acostumado com os números musicais, vide seus últimos trabalhos (Chicago e Nine). Marshall consegue entregar mais vivacidade às cenas de ação, embora as peripécias de Jack Sparrow estejam tão bem amarradas que até parece que o personagem andou tendo umas aulinhas com o Coringa de Heath Ledger, de Batman, o cavaleiro das Trevas. Tudo dá certo para o divertido capitão. Desta vez, ele também se envolve em um romance entre tapas e beijos com ninguém mais ninguém menos que Penélope Cruz. Ver a belíssima atriz espanhola de roupa de pirata é a parte fetiche do filme que deve agradar ainda mais o público masculino.
Plasticamente, o filme não fica a dever a seus anteriores, pois os efeitos especiais funcionam e a escolha de locações é um espetáculo à parte (sempre é bom ver nas telas um pouco da antiga Londres, deslumbrante como de costume). Nota-se uma diferença pela escolha de planos, algo que pode ser atribuído ao histórico do diretor. As cenas que envolvem o ataque das sereias - a Disney, aqui, é ousada, retirando do público a imagem destes seres que foi transmitida por gerações graças do sucesso do clássico A pequena sereia - são espetaculares, e muito bonitas visualmente. Também pode-se destacar as tomadas realizadas no barco de Ponce de Léon, em que Sparrow e Barbossa lutam contra o desequilíbrio de uma proa pronta a desabar. Mais uma vez, é o talento dos atores que faz a diferença.
Agora, os pontos fracos: quase todos são erros que já haviam sido cometidos nos filmes anteriores, o que mostra que os bilhões que a série já faturou cegou seus roteiristas e produtores. O que faz este novo casal no filme? O missionário cristão e a sereia conseguem ser ainda mais chatos que os protagonistas das aventuras anteriores, mas com o agravante que desta vez os persongens não tem praticamente relevância alguma na trama. Será apenas uma desculpa para carregar as meninas para o cinema? Uma dica: não precisa. Johnny Depp, sozinho, se encarrega da tarefa. O roteiro também não é dos mais bem construídos, cheio de furos fenomenais (Keith Richards está na trama apenas para uma ajudinha no aluguel do mês, ou alguém vê outro motivo?), e arrastado em alguns momentos. O novo vilão, Barba Negra, fica mais na promessa do que efetivamente é visto no desenrolar da trama, o que é uma pena, dado o grande talento do veterano Ian McShane.
Se forem considerados todos os prós e contras, Piratas do Caribe 4 consegue se sair bem, e vale como diversão escapista e descomprometida. Os fãs de Jack Sparrow podem esperar um novo filme, o que o final deste deixa mais do que óbvio - novamente. Enquanto os cofres da Disney encherem e o amor de Johnny Depp pelo personagem (ou será pela grana?) permanecer, a franquia vai fazer parte integrante de ainda muitos verões. Só não chamem Will Turner de volta, pelamordedeus.
Cotação: **
Comentários
Postar um comentário