Crítica: Os Agentes do Destino

Phillip K. Dick é um gênio das obras de ficção. O escritor de sucessos como Blade Runner, O vingador do futuro e Minority Report é um dos autores mais adaptados pelo cinema, que se aproveita de idéias tanto de seus romances quanto de seus contos mais curtos. A visão do futuro do autor é um caso a ser observado à parte; suas metáforas sobre a sociedade e o desenvolvimento tecnológico chegam a impressionar cada vez mais com a passagem do tempo. Parece até que o cara tinha vislumbres reais de nossa vindoura realidade, sempre carregada de um certo pessimismo, algo que remete a sua difícil personalidade .

Não é de se estranhar que de tempos em tempos um novo projeto que envolva o nome desta lenda americana surja nos cinemas. O mais recente é Agentes do destino, um thriller que mistura política, fantasia e mais uma dose de metáforas sociais bem ao estilo deste mestre.


Os agentes do destino é passado em uma época atual, o que de cara já difere um pouco do que estamos acostumados a ver das adaptações de Phillip K. Dick. Neste aqui, o que se destaca é uma trama quase sobrenatural sobre um homem que precisa deixar de lado a mulher que ama em prol de um destino brilhante que lhe é reservado por forças que ele próprio não consegue entender.

O diretor George Nolfi não é uma figura conhecida no cinema atual, mas já tem um curriculum de fazer inveja como roteirista. São dele os scripts de sucessos como O ultimato Bourne e Doze homens e outro segredo, por sinal ambos também estrelados por Matt Damon. Nas primeiras cenas podemos notar o trabalho excelente do diretor com a escolha da montagem e da trilha sonora. O roteiro mistura com habilidade a realidade versus o enfoque fantasioso da história, prendendo a atenção do público com diálogos bem amarrados e boas interpretações de todos os atores do elenco.

Um ponto esperto do filme é enfocar as coincidências como mais do que apenas parte do destino de cada pessoa. Para Phillip K. Dick, coincidências fazem parte de planos muito maiores, seja para o bem, seja para o mal. A figura da instituição secreta que governa o destino de nossas vidas através dos séculos (os tais "agentes do destino") é explicada pelo texto de uma forma instigante e pra lá de original.

Um ponto que favorece em muito o filme é a sintonia do seu casal protagonista. Matt Damon está vivendo uma excelente fase da carreira, e não se precisa falar muito sobre seu desempenho, geralmente acima da média. No entanto, é de Emily Blunt o ponto alto do filme. Esbanjando beleza e carisma, a atriz parece nos hipnotizar com seus belos olhos a cada vez que surge na tela. Não é difícil entender o motivo do personagem de Damon apaixonar-se por ela, e para a trama, este é um ingrediente vital.

Por mais fantástico que seja o terceiro ato da história - quando o filme envereda para a ação desenfreada sem perder o ritmo -, Os agentes do destino sagra-se como um bom romance. E esta junção de gêneros está longe de ser um problema, quando se tem por trás das câmeras uma equipe que alia competência e originalidade, além de conhecer e respeitar o material original.

Os agentes do destino, no melhor estilo Phillip K. Dick, vai te deixar atordoado. E não tem coisa melhor do que o cinema que te desafia a pensar, mesmo que os pensamentos não sejam, exatamente, normais. Normalidade não é o que conta aqui.

Cotação: ***

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