Crítica: Pânico 4

No ano de 1996, Neve Campbell era uma jovem promissora, sucesso da TV na série Party of five; Courteney Cox já saboreava a fama internacional com a bem sucedida série Friends; e Drew Barrymore se recuperava das drogas e, duvido, imaginasse que seria uma personalidade firme e forte em Hollywood nos anos seguintes; até mesmo este que vos fala, na época apenas um despreocupado adolescente, não poderia imaginar o quanto a vida muda em 15 anos. Pois é, a vida muda, o século muda. Um novo século realmente pede novas regras.

Dane-se este papo furado. Pânico 4 está aí para provar que esta história de grandes mudanças é só coisa da nossa vida, e para o cinema de horror, só estampa cartaz. O século mudou, mas a trama da vitoriosa série de Wes Craven continua a mesma. E continua sendo uma boa opção de diversão para os cinéfilos sádicos.


Vejam bem, não estou querendo criar uma polêmica desnecessária. A série Pânico foi a responsável pelo ressurgimento do cinema de horror americano, que andava em decadência desde o final da década de 80. Era de se supor que seus criadores teriam extremo cuidado ao trazer esta história de volta mais de 10 anos depois do último filme - o incompreendido e divertido Pânico 3. Desta forma, não adianta querer esperar grandes mudanças na estrutura narrativa que já era sucesso: ela permanece. O que muda de verdade é uma adequação da história às possibilidades tecnológicas da nova era.

Pânico também continua firme e forte como uma franquia que parodia os clichês do cinema de horror. O filme dentro do filme (Stab, ou A punhalada, como ficou traduzido por aqui) permanece importante dentro da franquia, e está nada mais nada menos que em sua sexta sequência, e apelando para dimensões paralelas para parecer trazer alguma novidade. Alguém sentiu uma crítica velada? Mais do que apenas sugerir que o público médio de cinema cai direitinho nesta falta de originalidade de produtores e roteiristas, Pânico 4 destila veneno também na indústria literária, que convenhamos, caminha de mãos dadas com a cinematográfica, haja visto a quantidade de adaptações de romances que são levados todos os anos para as telas.

Plasticamente, o filme é uma repetição quase imediata do que foi feito nos anteriores. Nem as locações mudaram. A Woodsboro do primeiro Pânico retorna, e hoje é uma cidade que tem fama internacional por conta do massacre adolescente ocorrido no passado, e a figura do ghostface é quase uma celebridade local, assim como a sobrevivente Sidney Prescott. Mais uma vez Wes Craven e o roteirista Kevin Williamson criticam aspectos nocivos da socidade, como o culto às celebridades - mote principal, inclusive, do impressionante último ato do filme. Desta vez, a identidade do assassino é realmente impressionante, e o suspense consegue ser muito bem desenvolvido até a cena final.

Pânico 4 não foi criado para ser uma nova revolução no cinema de horror. É basicamente mais um produto para gerar grana aos seus desenvolvedores, e claro, tentar provar que Wes Craven ainda está na ativa e consegue fazer bons filmes. Fica a dica para o pessoal da geração que acompanhou os primeiros passos da franquia nos cinemas: a sensação de nostalgia é bem legal. E é realmente estranho sentir-se nostálgico entre cenas de um filme deste tipo. Será que preciso de um psicólogo? Nunca se sabe o que a mídia vai começar a inventar por aí...

Cotação: **

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