Critica: A Menina da Capa Vermelha

O cinema americano gosta de viver tendências, e nada está mais em voga hoje do que o flerte com o público adolescente (principalmente o feminino) que anda lotando as salas de cinema para assistir aos filmes que carregam doses exageradas de romantismo e, por que não, metáforas sexuais. Vide o sucesso da saga Crepúsculo. E essa onda está longe de acabar.

Outra tendência que deve inundar as salas nos próximos anos é a de novos filmes com abordagens mais ousadas sobre os contos de fadas clássicos. Há nada mais nada menos que seis projetos deste estilo em produção - sendo três versões distintas de Branca de Neve, duas de Peter Pan e um projeto da Disney focado em Malévola, a vilã de A Bela Adormecida. Outros ainda devem somar-se a esta lista, como novas versões de João e Maria e Pinóquio.

Agora, imagine um filme que mistura as duas tendências citadas acima? Estamos falando de A garota da capa vermelha, a nova incursão da diretora Catherine Hardwicke no imaginário adolescente.


Houve um tempo em que o cinema da diretora era mais sério, quando ela lançou o excelente Aos treze, que apresentava uma história factível sobre os dramas jovens. Quando anunciou-se que trabalharia na adaptação de Crepúsculo, confesso que fiquei curioso, pois já havia lido o livro e, apesar de ter achado a trama por demais melosa, imaginava que a visão da diretora poderia tornar a versão cinematográfica mais interessante. Não aconteceu.

Se foi por pressão do estúdio ou não, pouca gente deve saber. O fato é que Catherine Hardwicke abandonou a saga dos vampiros adolescentes e resolveu se embrenhar em contar uma versão mais moderna do conto dos Irmãos Grimm "Chapeuzinho Vermelho". A diretora faz um filme que é um misto de Crepúsculo com A Vila, de M. Night Shyamalan.

A intenção até poderia ser boa, mas convenhamos que a história de chapeuzinho vermelho tem algumas partes quase "inadaptáveis" para as telas de cinema. E as soluções encontradas pela diretora foram até interessantes. O fato do lobo ser, na verdade, um lobisomem, é uma delas. Além de expandir a possibilidade de suspense, abriu-se caminho para a entrada de um personagem interessante, o caçador de monstros vivido pelo sempre excelente Gary Oldman. Outras sacadas legais são o conteúdo da cesta de doces (spoiler, não posso entregar) e a cena da menina com sua avó, onde são feitas as clássicas perguntas "que olhos grandes você tem, etc"; mas não adianta, ainda dá vontade de rir...

Sobre o elenco, bem, o destaque é mesmo o já mencionado Gary Oldman. Amanda Seyfried se esforça, mas o que vale a pena mesmo é vislumbrar seus belos olhos, quase sempre arregalados. Do elenco jovem masculino, espero que nunca mais tenha notícias dos atores em outras produções, pois são todos péssimos. Na parte técnica, o destaque é a belíssima cenografia, e os efeitos especiais também são interessantes (a figura do lobo é extremamente real e assustadora). Por outro lado, a montagem peca por tentar se aproximar dos clichês mais óbvios do suspense barato, o que também fica claro pela escolha dos planos (fato, obviamente, favorecido pelo pouco inspirado script).

A menina da capa vermelha é um filme que consegue convencer que é possível fazer versões adultas dos contos infantis. Mesmo com erros, é um programa que diverte e deve agradar seu público alvo. Se você não tem medo do lobo mau, vá ao cinema.

Cotação: **

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