Crítica: Eu sou o número 4
Antes de ficar desempregado, sempre é bom arrumar logo o que fazer. Os roteiristas de Smalville devem saber disso como ninguém, e aproveitando o inevitável final da série de tv que contava um pouco mais da juventude do filho de Kripton, trataram logo de arranjar uma outra série para tomarem como deles, desta vez no cinema. Eu sou o número 4 é seu mais novo projeto.
A história por trás da criação do filme é interessante, pois o mesmo foi desenvolvido em paralelo ao livro que conta as aventuras do extraterrestre John, um dos últimos seres da sua espécie enraizados em nosso planeta. Criado para ser uma série literária, Eu sou o número 4 mostra categoricamente a vontade de seguir o mesmo caminho no cinema.
O projeto foi tocado pelo emergente diretor D. J. Caruso, o cara responsável pelos interessantes Paranóia e Controle absoluto, ambos protagonizados por Shia Labeouf. Caruso já havia mostrado saber lidar bem com tramas adolescentes, e parece ser realmente o melhor nome hoje para este tipo de filme. Em Paranóia, para se citar um exemplo, ele consegue transformar a atmosfera juvenil do longa em uma homenagem interessante a Alfred Hitchcock, e seu impressionante Janela Indiscreta. Além disso, o diretor tem boa mão para a condução de atores, o que ajuda na performance de seus astros.
Eu sou o número 4 convence muito bem como uma ficção científica mais leve, voltada para o público adolescente. O roteiro é bem estruturado, e apesar de não apresentar uma estrutura genial, não ofende a inteligência do espectador com diálogos e situações sofríveis. Os efeitos visuais são bem empregados, e as cenas de ação empolgam. O ator Alex Pettyfer, que já havia fracassado anteriormente ao carregar um filme na mão (é com ele o fraco Alex Ryder contra o tempo), está bem à vontade no papel título, assim como sua colega de elenco Dianna Agron, que deixou um pouco de lado as gravações do sucesso da tv Glee para brilhar nas telas dos cinemas.
Alfred Goug e Miles Millar conseguiram uma proeza significativa no roteiro: criar uma mitologia interessante, e que prende o público, que acaba assistindo ao final ávido para descobrir como tudo aquilo vai continuar. Considerando as tentativas recentes (e frustadas) dos estúdios de Hollywood de emplacar mais uma série rentável de aventura e ficção, pode-se dizer que a empreitada dos dois fora da tv até agora foi bem sucedida. Resta saber se a bilheteria mundial vai agradar os executivos do estúdio.
Para aqueles que gostam de ir ao cinema para uma relaxada sessão com muita pipoca, Eu sou o número 4 é o filme perfeito. Se o cinema de aventura conseguir seguir um padrão parecido de qualidade, vai ficar interessante acompanhar os próximos lançamentos. Aliens no cinema nunca vão faltar, mas pra ficar mais legal, não custa nada um pouquinho mais de imaginação. O universo, aliás, é infinito. Pena que a criatividade da indústria do cinema não se iguale nem de perto a esta imensidão.
Cotação: **
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