Critica: VIPs

Não é de se estranhar que Hollywood tenha percebido a existência de Wagner Moura. Tem quem diga que foi por causa de seu personagem mais famoso, o Capitão Nascimento dos dois Tropa de Elite. Besteira pura. Ao assistir VIPs, fica muito claro que o seu talento camaleônico é sua grande carta na manga.


Você precisa de apenas alguns minutos para distanciar a atuação de Wagner da de qualquer outro personagem que o ator tenha interpretado. Tem muito astro que leva anos para fazer a mesma coisa, e outros que sequer conseguem fazê-lo em toda a carreira (que se torna curta, por motivos óbvios). Falar de VIPs é sim perder muito tempo falando do ator baiano, que é a alma do filme do diretor Toniko Melo.

VIPs conta a história de Marcelo da Rocha, um golpista que ficou famoso por passar a perna em uma grande quantidade de celebridades, fazendo-se passar pelo herdeiro da Gol, Henrique Constantino. As melhores cenas do longa, aliás, são as que mostram o "talento" do sujeito, que se torna piloto da noite para o dia trabalhando com traficantes na fronteira do Brasil com o Paraguai. Toniko Melo faz uma crítica velada e muito bem posicionada ao sistema político brasileiro, mostrando que José Padilha está fazendo escola. E, ainda, escancara a futilidade alta sociedade. Convenhamos, Marcelo da Rocha pode até ser um cara extremamente esperto, mas passar a perna em um bando de atores de segunda e socialites sem nada na cabeça (além de jóias) não deve ser uma coisa muito difícil...

Outra coisa que impressiona no filme é a maturidade técnica. Foi-se o tempo que o cinema brasileiro carecia de bons profissionais por trás das câmeras. VIPs tem um excelente roteiro, cortesia de Bráulio Mantovani, que dentre outros também foi responsável pelo script de Cidade de Deus e Tropa de elite 2. O fotógrafo Mauro Pinheiro Jr. também já é figura fácil nas grandes produções brazucas, e trabalhou em filmes excelentes como Cinema, aspirinas e urubus e Linha de passe. E entre os produtores, Fernando Meirelles. Quer um cara que sabe mais de fazer cinema no Brasil do que ele?

VIPs é mais uma boa surpresa em um ano que já começa com o pé direito para o cinema nacional. Depois do excelente ano de 2010, amparado em títulos comerciais como Nosso Lar e Chico Xavier, bom saber que a safra de 2011 vai seguir menos fórmulas para ganhar o público nos cinemas. Quem sabe não é a hora de escancarar de vez nosso cinema para o mundo?

Cotação: ***

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