Crítica: Cisne Negro
Cisne Negro não foge desta regra. A diferença, aqui, é que uma estrela brilha mais do que qualquer outra no excelente elenco do thriller psicológico sobre os bastidores de uma tradicional companhia de Balé americana: Natalie Portman, que entrega uma atuação arrebatadora.
O filme conta a história de Nina, uma dedicada bailarina do balé de Nova York. Acostumada a ser coadjuvante nas apresentações, ela finalmente tem a chance de alcançar o estrelado quando a principal estrela de sua companhia é afastada devido a sua idade avançada, e ela é a escolhida para protagonizar a adaptação de “O lago dos cisnes”, onde teria de representar o Cisne Branco e seu antagonista, o Cisne Negro. A técnica e fragilidade da moça são perfeitas para o papel de Cisne Branco, mas destoam para o Cisne Negro, que exige uma dança mais passional e sensual. A pressão pessoal de Nina pela perfeição, seu relacionamento conflituoso com a mãe e as exigências do seu treinador para que ela se entregasse de corpo e alma ao personagem resultarão em um conflito entre sua personalidade e a do Cisne Negro, com conseqüências inesperadas.
É preciso assistir ao filme para compreender o quão surpreendente é a performance da atriz. Basta dizer que sua atuação foi intensa tanto nos bastidores quanto em frente das câmeras, onde atriz e personagem rivalizavam. O mais evidente traço de sua perfeição em cena são as passagens finais, quando Nina altera completamente sua personalidade e sua dança. Quem acompanhou a produção do filme sabe que a dedicação de Natalie Portman aos ideais de Darren Aronofsky para o filme se confundem com a própria história que está sendo contada. É o ápice da entrega de uma atriz ao seu diretor, na vida real e na tela.
A câmera de Aronofsky atinge ângulos impressionantes nas cenas de balé, como se ela fosse mais uma bailarina. O recurso utilizado pelo diretor de acompanhar a ação com a câmera na mão promove naturalidade aos planos: você vai sentir como se estivesse ao vivo numa apresentação. Soma-se a isto a utilização de closes e planos fechados que valorizam a dramaticidade imposta pelo roteiro, enxuto, e que funciona perfeitamente.
Cisne Negro recebeu indicações importantes ao Oscar – incluindo a primeira como melhor diretor para Darren Aronofsky. Se premiado, será o reconhecimento de um dos diretores mais importantes do atual Cinema Americano. E o prêmio de Natalie Portman? Nada a declarar. Seu favoritismo é justificado em cada frame deste seu grande trabalho. E não digo isso apenas por achá-la maravilhosa; maravilhoso é poder acompanhar a sua grande performance. E babando, em diversos sentidos.
Nossa. Quero ver!
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