Critica: Burlesque
Foi no já longínquo 2001 que o cinema conheceu a volta de um de seus gêneros mais importantes. Cortesia de Baz Luhrmann, que produziu o psicodélico e inesquecível Moulin Rouge, tirando os musicais de um limbo que perdurara por anos. No ano seguinte, Chicago recebeu um Oscar de melhor filme e colocou os musicais de vez no mapa de futuros projetos cinematográficos.
De lá pra cá, foram diversos os lançamentos do gênero nos cinemas, alternando filmes extremamente populares - como o grande sucesso Mamma Mia - e fracassos retumbantes - Nine e Rent - os boêmios são os melhores exemplos. A bola da vez é este Burlesque.
O filme surgiu (segundo as más línguas) como veículo para promover uma reviravolta na carreira musical de Cristina Aguilera, que andava fora das paradas de sucesso e deixada de lado pelos incontáveis novos nomes da música americana. Também seria o retorno triunfal de Cher às telas, de onde estava sumida desde Ligado em você (2003). Não importa qual fosse sua razão de existir: Burlesque é um musical muito bem construído e seu resultado final é muito favorável para os fãs do gênero.
A história gira em torno do personagem de Aguilera, Ali, uma jovem de Iowa que sonhava em se tornar uma estrela através de sua voz. Decidida a mudar de vida, ela vai para Los Angeles e, depois de muitas tentativas para ingressar na carreira artística, acaba conhecendo uma boate burlesca em Hollywood, onde a grande atração são números de dança sensuais. Ali logo fica amiga de um barman e consegue conhecer a dona do local, Tess (Cher). A amizade e confiança que surge entre as duas muda a dinâmica da casa de shows, até Ali se tornar a grande estrela do Burlesque graças a sua voz.
A fórmula geral do roteiro é simplista até dizer chega, se apegando totalmente a batida história de superação do jovem talento que até então era menosprezado. O que faz a diferença é a forma como o diretor Steve Antin escolheu para desenvolver sua história (é dele também o roteiro do filme), apostando no romance e na beleza e técnica impecáveis dos números musicais.
Cher está muito bem no papel da dona da boate, e tem seu momento de maior brilho no solo "You haven´t seen the last of me". A diva entrega uma performance arrebatadora na canção, e destila emoção em cada estrofe. Também merece menção honrosa a performance de Cristina Aguilera, que ao contrário de outras colegas cantoras (como Beyoncé ou Mariah Carey) consegue demonstrar talento em sua atuação, obviamente longe de ser brilhante. Stanley Tucci repete praticamente os mesmos trejeitos de O diabo veste prada e é a prova viva de que Steve Antin se sai muito melhor dirigindo os números musicais do que os atores.
Burlesque foi um modesto sucesso de bilheteria, rendendo mundialmente pouco mais do que seu custo de produção. Este resultado é o suficiente para garantir outros filmes musicais aportando nos cinemas, cujas maiores expectativas são a versão de Wicked, grande sucesso da Broadway que conta a história das bruxas de Oz antes da chegada de Dorothy ao mundo mágico; e Rock of ages, que contará no elenco com ninguém mais ninguém menos que o astro Tom Cruise, pela primeira vez emprestando a voz a um musical.
Cotação: **
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