Crítica: Amor e outras drogas
As comédias românticas costumam seguir fórmulas para lá de batidas. Vamos pensar: o que geralmente acontece nestes filmes? O rapaz encontra a moça, os dois tem personalidades diferentes - muitas vezes se detestam - e com o passar do tempo, quando se conhecem melhor, acabam se apaixonando. Maior clichê do que este, impossível. Raramente surgem novidades no gênero, como no caso do genial (500) dias com ela.
Ficando no meio termo, o diretor Edward Zwick consegue fugir (um pouco) das histórias batidas e entrega um filme interessante com Amor e outras drogas.
Contando a história baseada em fatos reais de um representante farmacêutico da gigante Pfizer que construiu fama e fortuna quando se tornou responsável pela divulgação do Viagra e que se apaixona por uma moça que sofre com o Mal de Parkinson com apenas 26 anos de idade, Edward Zwick acerta por incluir pitadas de humor negro e críticas veladas à Indústria Farmacêutica. Se existem erros, podemos dizer que algumas fórmulas típicas do gênero estão presentes - como o fato do personagem de Jake Gyllenhaal ser um conquistador nato que não resiste a um rabo de saia e ter um irmão gordinho que serve como alívio cômico; como é o retrato da vida de um personagem real, vamos acreditar que a realidade era exatamente como o diretor nos mostra na tela.
Jake Gyllenhaal desempenha bem o papel de galã, mas é Anne Hathaway que rouba a cena. A moça mostra que seus tempos de princesa virginal do início da carreira realmente acabaram, e conduz a sofrida Maggie Murdock com muita competência e beleza. Vale destacar uma cena, em particular, em que Maggie sofre os efeitos da sua terrível doença e não consegue sequer abrir um vidro para tomar o seu remédio. Se você conhece ou conviveu com uma pessoa que sofreu com esta enfermidade, com certeza isso não vai passar em branco na sua cabeça.
As tão faladas cenas de sexo entre os protagonistas são extremamente bem orquestradas pelo diretor, e nem de longe são apelativas. A química entre os atores pode ser explicada pelo fato de que os dois já se conheciam, pois haviam atuado juntos no drama O segredo de Brokeback Mountain. Neste tipo de filme, é um ingrediente fundamental.
A grande mensagem do roteiro, de que o amor é o melhor remédio que existe, é passada com relativo sucesso. Digo isto pois o excesso de gags desnecessárias em algumas sequencias acabam tirando a narrativa de seu foco principal. Esta sensação de que o filme se perde do meio para o fim macula um pouco o seu resultado. A cena final, extremamente previsível, consegue emocionar muito mais pela atuação dos astros do que pela ação em si.
Amor e outras drogas funciona bem como uma opção mais séria àqueles que não vivem sem um bom filme mamão com açucar para assistir no escurinho do cinema. Mas se o objetivo é só beijos e abraços, procure outra opção. Este aqui vale a pena acompanhar com mais atenção.
Cotação: **
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