Crítica: Tron, o legado

Criar uma nova franquia que renda milhões (ou, quem sabe, bilhões) de dólares é tudo o que um estúdio de cinema Hollywoodiano quer atualmente. A Disney, obviamente, não é exceção. E para tentar emplacar mais uma série milionária, resolveu mexer em seus arquivos históricos e resgatar o simpático Tron, uma odisséia eletrônica, filme de 1982 que foi um divisor de águas por apresentar, pela primeira vez, efeitos digitais em uma escala ampla em um longa metragem.

Em plena era do 3D, uma notícia sobre uma continuação para Tron não poderia deixar de ser animadora, afinal de contas, o visual psicodélico-futurista-retrô do filme encaixava como uma luva para a tecnologia. No entanto, mais uma vez, optou-se por apresentar um espetáculo de efeitos visuais com roteiro praticamente inexistente. Assim é Tron, o legado.

O filme começa logo após os acontecimentos do original, mostrando Kevin Flynn (Jeff Bridges) como CEO da Encom, a empresa responsável pelo sucesso do jogo Tron. O personagem tem um filho, a quem frequentemente impressiona com histórias sobre "a grade", o sistema de realidade virtual criado por ele, onde é possível um ser humano se materializar e interagir com os programas de computador. Flynn desaparece misteriosamente, e muitos anos depois seu filho recebe a informação de que ele teria enviado uma mensagem de um pager desativado a mais de vinte anos. Sua busca acabará levando Sam Flynn (Garret Hedlund) até dentro do mundo virtual, onde descobre que o pai acabou preso e vítima de suas próprias criações.

Não espere um desenvolvimento adequado da história. O roteiro de Tron, o legado é uma verdadeira colcha de retalhos, em que os personagens são mal apresentados, os diálogos sofríveis e a trama - que não engrena depois dos vinte minutos de projeção - confusa e arrastada. As motivações do personagem de Jeff Bridges, que sonhava mudar o nosso mundo a partir dos conhecimentos que adquiriu em seu mundo virtual, são bobas e beiram o banal. Para piorar, Michael Shenn está na trama em um personagem tão equivocado quanto as outras incursões do ator pelo cinemão americano, e precisa urgentemente mudar de agente, ou voltar para o cinema inglês.


Tecnicamente, o filme é impecável, embora os efeitos visuais não impressionem muito - quem assistiu a Speed Racer não verá nada demais nas cenas de corridas de motos nos ambientes virtuais. O grupo de música eletrônica Daft Punk faz um excelente trabalho com a trilha sonora, e parecem ter entendido muito melhor a proposta do filme do que o diretor Joseph Kosinki, oriundo da TV e o típico "contratado" que não fede nem cheira e serve de marionete para produtores e executivos do estúdio, os verdadeiros donos do filme.


Tron, o legado vai render uma boa grana das bilheterias, mas o boca a boca deve minar os planos da Disney de emplacar mais um filme na casa do bilhão no ano de 2010. Eu, por minha vez, estou pegando meu terço para encomendar uma oração aos deuses do cinema e pedir que os próximos filmes em 3D me impressionem de verdade: sejam bons.


Cotação: *


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Crítica: Os Pinguins de Madagascar

Crítica: Homens de Preto 3

Maiores Astros da Pixar