Crítica: Demônio

Não é preciso ser claustrofóbico para ter um certo medo de entrar num elevador. Vamos pensar: você está dentro de uma máquina suspensa, numa altura muitas vezes considerável, em um espaço mínimo, completamente fechado e com pouquíssimo oxigênio. Se estiver andando, ok, nenhum problema. Mas a história é outra se ele resolve parar.

Poderia haver local mais adequado para se desenvolver um história de suspense sobrenatural? Foi o que pensaram os autores da pretensa trilogia The Night Chronicles, que estréia nos cinemas com seu primeiro filme, Demônio.


A premissa da história é altamente promissora: cinco estranhos ficam presos em um elevador num edifício da Filadélfia, e estranhos eventos começam a ocorrer. Tudo por que um dos ocupantes seria nada mais nada menos que o demônio encarnado.

A empolgação acaba por aí, infelizmente. Demônio não consegue convencer de verdade como filme de horror, quiçá de suspense. Para começar, diversas situações ocorrem e ficam sem explicação, como por exemplo o crime que levaria o policial vivido pelo ator Chris Messina ao prédio onde o elevador se localizava. Tudo o que o roteiro não consegue desenvolver corretamente vira obra do acaso, ou simplesmente parte de um plano maior, teoricamente orquestrado pelo demônio para que ele pudesse levar as almas de suas vítimas. Não bastasse isso, o toque do produtor M. Night Shyamalan na história - escrita por ele, por sinal - é evidente, e parodia uma das suas incursões mais fracas no cinema (A Dama na Água). O indiano realmente não está conseguindo acertar.

O filme foi dirigido por encomenda pelo novato John Eric Dowdle, que consegue impor um ritmo interessante na montagem das primeiras cenas, mas acaba descambando para o óbvio a medida que a história se desenrola, devido ao fraco roteiro. Não espere levar grandes sustos ou ter uma surpresa com a "identidade" do coisa ruim; as cenas finais são fracas, o desfecho é previsível e se a idéia aqui era conseguir intimidar e causar mal estar na platéia, melhor assistir a uma reprise de Por um fio ou aguardar por Enterrado Vivo (Buried).

Vale um destaque positivo para o excelente plano sequencia inicial, que acompanha a cidade de cabeça para baixo até a entrada do tubo do elevador. A cena faz um paralelo interessante com a panorâmica que finaliza a película, e reflete de forma inteligente a dualidade do que seria céu e inferno. Aposto que muita gente não vai entender a mensagem.

Mesmo que não tenha despertado o interesse das platéias mundiais com seu primeiro capítulo, as "crônicas da noite" irão continuar. Este é o lado interessante do cinema de baixo orçamento: como fica muito fácil para um filme se pagar, também é muito fácil continuar produzindo com qualidade duvidosa.

Cotação: *

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