Crítica: Um parto de viagem
Todd Phillips redescobriu o caminho do sucesso como diretor em 2009, quando apresentou o divertido Se Beber, não case às platéias do mundo todo. De lambuja, ainda lançou ao grande público o carismático Zach Galifianakis, que era um completo desconhecido e roubou a cena (sem tirar o mérito dos outros atores).
Falando assim, era de se pensar que um projeto envolvendo a dupla e que ainda trouxesse na bagagem Robert Downey Jr. - que está em um momento fantástico da carreira - só poderia significar coisa boa. Mas ficou tudo na intenção. Um parto de viagem é um filme agradável, mas o saldo final é bem decepcionante.
A originalidade passou longe no roteiro de Alan R. Cohen e Alan Freedland, ambos profissionais que migraram da TV para o cinema. Misturando os clichês mais óbvios dos road movies com situações que parecem sair da série Entrando numa fria, os roteiristas mostram que a lição de casa na empreitada cinematográfica não foi bem conduzida. Para piorar, o personagem de Galifianakis chega a apresentar os mesmos trejeitos que o ator já havia mostrado em Se beber, não case, o que dá a impressão de que o diretor Todd Phillips não trabalhou nem um pouco para retirar a sensação de déjà vu.
Quanto a Robert Downey Jr., não a muito o que dizer. O ator está à vontade em seu papel, e tem alguns dos momentos mais interessantes do longa. Seguindo a cartilha de Phillips, o filme carrega no politicamente incorreto até dizer chega, o que rende momentos inusitados que chegam a passar do cômico ao caricato. Mesmo para uma comédia, fica complicado de acompanhar sem questionar algumas cenas.
Para não dizer que o programa é totalmente furado, vale muito a pena apreciar a fotografia inspirada do filme. As passagens nas estradas americanas e em locações no Grand Canyon te dão uma vontade genuína de fazer um passeio na terra do Tio Sam.
Em um ano em que diversos gêneros do cinema surpreenderam por apresentarem filmes inovadores, Um parto de viagem acaba sendo mais do mesmo. Resta esperar que Todd Phillips tenha melhor sorte em Se beber, não case 2. Pelo menos neste Zach Galifianakis poderá voltar, de verdade, ao personagem que o consagrou.
Cotação: **
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