Crítica: Megamente

Não adianta: podem surgir ainda muitos estúdios produzindo animações - como o Blu-Sky, que foi responsável pela trilogia A Era do Gelo e o ainda inédito Rio; ou o Illumination Entertainment, que estreou com o pé direito graças a Meu malvado favorito - mas a briga principal sempre vai ser entre a Disney e a Dreamworks.

Quando eu digo Disney, entendam, estou falando apenas do estúdio do Mickey, excluindo a Pixar Animation (que já é hors concours, mesmo). O motivo principal desta briga é Jeffrey Katzenberg, um ex-pupilo do mestre Walt que se bandeou para outros desafios depois de realizar, somente!, os grandes sucessos da Disney da virada da década de 80 e início dos anos 90 (A Pequena Sereia, A Bela e a Fera, Aladdin e O Rei Leão te dizem alguma coisa?). O desafio foi criar um novo estúdio junto a ninguém menos que Steven Spielberg. Assim surgiu a Dreamworks, que desde o seu debut no campo da animação (o bíblico O príncipe do egito) vem dando um certo trabalho para o poderoso concorrente.

Se a Disney e a Pixar criaram um estilo de animação que valoriza o lado poético e emocional, a Dreamworks se tornou especialista em animações que exploram apenas o riso fácil. Exemplos? As franquias Shrek, Madagascar e Kung-fu Panda. E, agora, este novo Megamente.


Não que o estilo da Dreamworks seja ruim, mas estava começando a se tornar repetitivo. Se Como treinar seu dragão, lançado no começo deste ano, parecia ser um ensaio de que o estúdio estava conseguindo inovar com melhores roteiros para seus filmes, agora podemos ter a prova. O roteiro de Megamente é esperto, cheio de boas reviravoltas e garante muitas risadas aos espectadores.

Piadas boas não faltam no filme de Tom McGrath, diretor também dos dois Madagascar. O melhor do novo filme é que a história é extremamente original, e não somente uma paródia dos filmes de super-heróis. A premissa, aliás, é ótima: o que seria de um super vilão se ele finalmente acabasse com o seu nêmesis? Fugindo dos clichês mais óbvios e apresentando uma galeria de bons personagens coadjuvantes - principalmente o Criado: metade peixe, metade robô - o filme não cai em nenhum momento na mesmice e surpreende pela qualidade técnica; a animação e os efeitos 3D estão excelentes.

Como toda boa animação que se preze, um diferencial sempre é a dublagem brasileira (reconhecida como uma das melhores do mundo). No entanto, mais uma vez a Dreamworks prefere optar, como jogada de marketing, em encher o filme de vozes de globais. Se Thiago Lacerda já havia conseguido destruir Sinbad, a lenda dos sete mares com sua voz insossa e sua "atuação" mequetrefe como o protagonista, aqui, pelo menos, ele é um dos coadjuvantes, e graças ao bom Deus seu personagem aparece muito pouco.

2010 está terminando como um ano excelente para o cinema animado. Palmas para os estúdios pela qualidade das produções. Muito em breve as murchas três vagas do Oscar na categoria de melhor animação serão pouco para este gênero do cinema que está crescendo a olhos vistos e que em breve deve surpreender muita gente com vôos ainda mais ousados. Nós, cinéfilos, agradecemos.

Cotação: ***

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