Crítica: Meu Malvado Favorito
Animação hoje em dia é um filão do qual nenhum estúdio quer deixar de fazer parte. Quem imaginaria isso uns vinte anos atrás, quando aportavam nos cinemas no máximo dois filmes animados por ano, sendo a maioria deles geralmente dos estúdios Disney. São raros os casos de grandes sucessos fora do estúdio do Mickey nesta época - as exceções, talvez, sejam a série Em Busca do Vale Encantado, o épico da Fox Anastasia, e o inesquecível Fievel, um conto americano.
É claro que o aumento da oferta de títulos se deve em muito ao sucesso das produções em CGI da Pixar e da Dreamworks Animation. Os animadores que utilizavam computadores e já trabalhavam com efeitos de computação gráfica em filmes live-action agora teriam um mercado a mais para trabalhar. Talvez este seja um dos maiores motivos que levaram a quase extinção da animação tradicional em Hollywood: hoje, temos muito mais profissionais de mouse do que de lápis.
A Universal, que no passado já havia tentado se firmar com filmes em animação tradicional feitos em parceria com Steven Spielberg - como o fraco Os Dinossauros Voltaram - é o mais novo estúdio a entrar na onda da animação digital e do 3D. Em parceria com a nova produtora Illumination Entertainment, está bancando o lançamento deste Meu Malvado Favorito.
O filme conta a história de Gru (voz de Steve Carrel), um vilão em decadência que planeja roubar a lua para voltar a figurar entre os maiores malvados do mundo. Para conseguir realizar seu plano, ele precisa da ajuda de três garotinhas órfãs, e se oferece a adotá-las. Nem precisa dizer que uma relação afetiva irá mudar totalmente o rumo dos personagens, e as melhores cenas do longa acontecem exatamente nesse arco narrativo.
Não é necessariamente uma história original, no entanto o estúdio optou por seguir o bem sucedido padrão "Pixar" de qualidade, pontuando o filme com cenas emocionais que elevam o potencial da obra. A certo ponto, você vai se surpreender mais de uma vez por estar torcendo por um final feliz para o vilão.
O ponto fraco do filme é exatamente aquele que deveria ser seu maior forte: os coadjuvantes. Apresentados a exaustão nos trailers e cartazes da produção, os tais Minions, que deveriam ser o principal alívio cômico, não empolgam nem um pouco. Pelo contrário. As cenas com os personagens utilizam recursos cômicos manjados que só divertem as crianças menores, o que para os adultos é uma grande frustração.
Um ponto importante para os desavisados: prefiram as cópias legendadas (que devem ser muito poucas). A interpretação de Gru pelo global Leandro Hassum está completamente equivocada, e muitas vezes os diálogos ficam sem graça por conta da pouco inspirada dicção que o comediante impôs ao personagem. A tentativa de copiar Steve Carrel foi totalmente fracassada, deixando claro que seria muito melhor ter entregue o trabalho a um dublador experiente.
Mesmo com estes pontos negativos, não se preocupe: Meu Malvado Favorito é uma boa opção para este fim de férias escolares, pois as crianças vão se divertir a beça. E seu sucesso comercial só nos deixa mais uma certeza: animação é o que não vai faltar nos cinemas daqui para a frente. Esperemos que isto só nos traga motivos para comemorar. Um pouco de esperança nunca é demais.
Cotação: **
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