Crítica: Ponyo - uma amizade que veio do mar

Hayao Miyazaki é uma lenda no Japão. Pudera. Os maiores sucessos de bilheteria da terra do céu nascente são obras deste mestre da animação, por muitos o "Walt Disney" do oriente. Dentre alguns de seus filmes, destacam-se Princesa Mononoke, Meu vizinho Totoro e o vencedor do Oscar A Viagem de Chihiro. Em todas estas produções, era comum o uso de metáforas para descrever valores sociais hoje jogados a escanteio pelas pessoas. Os roteiros de Miyazaki, repletos de poesia e folclore Japonês, intrigam tanto quanto fascinam. Era quase impossível classificar seus filmes simplesmente como um produto infantil.

Eis que, no entanto, o diretor resolve realizar seu primeiro filme nitidamente voltado para os pequenos. Ponyo - uma amizade que veio do mar é mais um belíssimo trabalho e mostra que, apesar da vontade de Miyazaki de se aposentar, ele ainda tem muito a oferecer ao cinema.


A história da peixinha que foge do pai com vontade de explorar o mundo lembra em muito o clássico A Pequena Sereia, de Hans Christian Andersen, que foi adaptado de forma pouco fiel pelos estúdios Disney no filme homônimo. Ponyo, uma vez no mundo humano, transforma-se em uma menina, mas aqui sem a ajuda de uma bruxa, e sim com seus próprios desejos. A partir daí, junto ao amigo humano Sasuke, ela vive grandes aventuras e, de forma mais do que inocente, encontra um grande amor.

Miyazaki desenvolve este conto de amor infantil com a primazia de um verdadeiro mestre na arte de contar histórias. Difícil evitar uma comparação com o clássico da Pixar Wall-e, que também contou uma história de amor pouco convencional com semelhante pureza.

Mesmo sendo um filme construído para as crianças pequenas, não faltam atrativos para os adultos. O principal deles é a animação. O uso impressionante da palheta de cores - tão característico na arte do diretor - aqui é elevado a níveis ainda maiores. O fundo do mar de Miyazaki é mais colorido que a superfície, e as imagens que passam na tela são tão belas quanto uma aquarela. A beleza e a espontaneidade das cores vai te fascinar.

Em um tempo em que as animações feitas com papel e lápis são uma raridade, é bom saber que ainda temos uma esperança de encontrar filmes realizados de forma artesanal nos cinemas. E contando boas histórias. Afinal de contas, mesmo com o computador, ainda gostamos de escrever com papel e lápis, pois ninguém quer esquecer da própria letra. Com certeza, os animadores devem pensar da mesma forma.

Cotação: ***


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