Crítica: Encontro Explosivo
Ir ao cinema com amigos é o prato cheio para uma polêmica, ainda mais se o grupo for de pessoas muito diferentes, e, por consequência, com gosto e percepções cinematográficas muito distintas. Some a esta receita o fato de que o filme em questão era o típico pipoca descerebrado de verão, e fica armada a discussão. O prato da vez era o novo filme-evento de Tom Cruise, Encontro Explosivo.
Filme-evento é a palavra ideal para descrever a nova empreitada cinematográfica do astro. Só que, para infelicidade geral do ator, dos produtores e também da pobre Cameron Diaz (que não está conseguindo emplacar um sucesso a um bom tempo), o filme foi um fracasso nos EUA e está tentando se pagar com a carreira internacional. Foi mais um fiasco da FOX este ano, e mais um para a conta de Tom Cruise. Prova máxima de que a decadência está batendo a porta - e estaria mais do que na hora de ele se reinventar.
Mas você pode se perguntar se o filme é ruim. Bem, como expressei no primeiro parágrafo, é tudo uma questão de ponto de vista. Encontro Explosivo é aquele tipo de filme do qual você tem que entrar na onda para aproveitar a sessão. Esquecer atuações, roteiro... e se concentrar apenas nas boas cenas de ação - com destaque para as perseguições de automóveis e uma seqüência filmada na Espanha - e nas incríveis locações, que por sinal fazem qualquer um pegar o caderninho e anotar como boas dicas de viagem. No geral, é um filme que entretem, seguindo declaradamente a cartilha do blockbuster, sem acrescentar nenhuma inovação. A parte boa é que o filme não se leva a sério. E para este tipo de produção, este é um ponto fundamental.
O diretor James Mangold bem que se esforça para dar ao filme um pouco de "personalidade", no entanto o que se vê é um típico exemplar de date movie, feito sob medida para agradar ao público feminino, e, por conseguinte, machista até dizer chega. Basta observar como a mocinha se comporta em praticamente toda a ação; neste ponto, vale ressaltar, há uma jogada de mestre do cineasta: para ajudar a tapar os buracos do roteiro, a protagonista fica por diversas vezes desacordada, e, quando desperta, está numa situação completamente diferente. Será que realmente ele achava que o público ia pensar que se tratava pura e simplesmente de um novo recurso narrativo? Tá bom...
O saldo final, se você está em um bom dia, é positivo. Encontro Explosivo não vai te fazer pensar, e nem se tornará parte integrante de sua lista de grandes filmes vistos no mês, no ano, ou na sua vida, se você for daqueles mais exagerados. Mas também não vai te deixar de mau humor. E se sua namorada estiver do lado insistindo em dizer que o narigudo do Tom Cruise ainda tem pinta de galã, pelo menos você terá o consolo de ver Cameron Diaz de biquini. É a pura magia do cinema.
Cotação: **
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