Crítica: Eclipse
Bram Stocker deve estar se revirando no túmulo. O autor, célebre por ter criado o vampiro mais famoso da história - o Drácula - provavelmente cometeria suicídio se estivesse vivo e pudesse ler uma linha que seja dos romances de Stephanie Meyer. Na transilvânia de Stocker, o Conde Vlad bebia o sangue de suas vítimas, controlava mentes, causava matanças, enfim, era puro terror; na Forks de Meyer, os vampiros são vegetarianos, românticos, brilham como porpurina e deixam as adolescentes com os hormônios a flor da pele.
Só hormônios em ebulição podem explicar o sucesso que o filme provavelmente vai fazer. Na terceira parte da saga "vampírica" - por sinal baseada no melhor dos 4 livros - o expectador é brindado com mais... do mesmo!
Eclipse, o livro, é dos quatro volumes da Saga Crepúsculo o mais, digamos, emocionante. Explicando melhor, o livro é pontuado mais por suspense do que por romance. Desenvolve melhor os personagens coadjuvantes, acrescenta alguns pontos interessantes a mitologia e tenta fletar com dramas mais profundos. Para o cinema, no entanto, preferiu-se manter a fórmula que já tinha depositado milhões nos cofres do estúdio Summit: romance mela cueca e mamão com açucar feito sob medida para as adolescentes e irritante em vários momentos para o público masculino.
Na forma, foram poucas mudanças, mas nada muito significativo. Considerando que a saga teve sua segunda alteração de diretor, é até estranho notar como o filme é semelhante aos antecessores. Fica a impressão que só houve um pouco mais de dinheiro para os efeitos visuais. Não há novidades nos planos apresentados; a montagem permanece irregular, apesar do roteiro mais bem amarrado; e grande parte do elenco - principalmente os rapazes que interpretam os Quileutes - ainda atua de forma amadora.
Uma das grandes novidades do filme foi a presença de Bryce Dallas Howard como a vingativa vampira Victoria. No entanto, o papel ainda é minúsculo, o que nem de longe justifica a troca realizada pelos produtores. Uma grande decepção. O mesmo pode se dizer da participação dos Volturi. Se em Lua Nova o clã vampírico italiano ajudou a movimentar um pouco a história, aqui não passam de coadjuvantes de luxo, contribuindo muito pouco para a narrativa, assim como os novos lobisomens Seth e Leah Clearwater, que acabam não dizendo a que vieram.
No geral, a Saga Crepúsculo permanece apresentando bons filmes para se assistir em casa numa dessas sessões da tarde, de maneira totalmente despretensiosa. E se todos pensavam que este Eclipse seria o penúltimo capítulo, ledo engano: o último livro, Amanhecer, será adaptado para dois filmes, de forma similar ao que acontecerá ao último Harry Potter. Garantia de pelo menos mais 2 anos de gritos histéricos das adolescentes pelo mundo afora. Afinal de contas, como todo bom capitalista, o estúdio está interessado é em sugar mais e mais dinheiro do público. De fazer inveja a muito vampiro por aí...
Cotação: **
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