Crítica: Príncipe da Pérsia - As Areias do Tempo
O produtor Jerry Bruckheimer sabe realmente o que faz. Depois de realizar para a Disney a trilogia mais lucrativa do estúdio, Piratas do Caribe, que por sinal é baseada em um famoso brinquedo dos parques temáticos da companhia, resolveu se aventurar por um terreno ainda mais perigoso: o das adaptações de games para o cinema.
Tirando algumas raras exceções (Mortal Kombat pela fidelidade visual; Resident Evil pelo relativo sucesso comercial; e Terror em Silent Hill pela atmosfera quase idêntica) as adaptações de videogames são geralmente micos de incrível tamanho. Algumas delas - como Super Mario Bros. e qualquer um dos filmes do diretor alemão Uwe Bowl - são verdadeiras pérolas trash, de tão ruins, chegam a ser engraçadas. Parecia ser impossível que um personagem de videogame pudesse ser transposto de forma satisfatória dos megabites para a telona dos cinemas.
Principe da Pérsia chega para provar que uma adaptação boa de um videogame é possível. Dirigido pelo irregular Mike Newel (dos sofríveis O segredo de Mona Lisa e Harry Potter e o cálice de fogo - pior filme da saga do menino bruxo), fica claro que o sucesso do filme é muito mais culpa de Jerry Bruckheimer do que do diretor inglês. Toda a movimentação, os efeitos especiais fantásticos e a boa história - características geralmente presentes nos filmes produzidos pelo midas - estão lá, devidamente no lugar. De Newel, as contribuições mais claras são a riqueza e apuro técnico. O diretor soube manejar suas equipes de direção de arte e fotografia muito bem, e ambos os fundamentos estão impressionantes no filme, muito acima do que se espera de um filme pipoca. Cheiro de Oscar, inclusive.
No campo das atuações, o filme não deixa a desejar. Jake Gyllenhall desempenha bem o papel de herói, ao mesmo tempo que passa uma aura frágil que é importante para o entendimento dos dilemas de Dastam. Os coadjuvantes, em especial Ben Kingsley e Alfred Molina, dão ao filme o respeito que este tipo de produção precisa. E a mocinha Gemma Artenton, além de belíssima, está muito bem em cena, e tem uma química boa com o protagonista. Vale ressaltar o treinamento fantástico que foi feito com os atores, especialmente com Jake Gyllenhall. As cenas de parkour são muito bem feitas, e os movimentos do personagem ficam tão iguais ao que se via no jogo, que as vezes parece que estamos com o joystick nas mãos. Uma pena que o filme não foi feito em 3D estereoscópico, pois a experiência seria realmente interessante. Quem sabe em uma continuação.
De forma impressionante, o filme não se saiu bem em sua primeira semana nas bilheterias. Um daqueles casos dificeis de compreender que vemos as vezes acontecer. No entanto, considerando as criticas positivas que o filme tem recebido, e o boca a boca do público, é provável que se mantenha por algumas semanas com valores expressivos de bilheteria, tanto nos EUA quanto no resto do mundo. Afinal de contas, como todo bom jogador, já estou interessado em saber o que espera o Príncipe da Pérsia em sua próxima aventura. Que as areias do tempo se agitem, pois a sorte dessa nova série já está lançada. E que o público decida o futuro desta pretensa nova série cinematográfica.
Cotação: ***
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