Crítica: Esquadrão Classe A

Reviver seriados famosos dos anos 80 pode ser uma coisa boa ou uma coisa perigosa. Vamos ver, comecemos a avaliar pelo lado perigoso. Primeiro exemplo: O Elo Perdido. O longa metragem baseado na série homônima sobre uma família que se perde em um mundo perdido repleto de dinossauros e outros seres estranhos foi um baita fracasso, e olha que tinha um astro do calibre de Will Ferrel no elenco. Outro exemplo? A Feiticeira. Também com Will Ferrel, veja só, e ainda contava com Nicole Kidman. Outro fracasso retumbante. Qual foi o grande erro das duas adaptações? Não foram nada fiéis ao material original na qual na teoria teriam se inspirado.

Para entender este Esquadrão Classe A, temos que pensar em adaptações de séries de sucesso que deram certo nos cinemas. E uma delas, mais do que qualquer outra, salta a frente: Miami Vice. O filme de Michael Mann foi um sopro de criatividade e originalidade, foi fiel ao espírito da série de TV e tinha dois astros inspiradíssimos em seu elenco, além de contar com um roteiro esperto e uma direção tecnicamente perfeita. No filme de Joe Carnahan - diretor do também excelente e pouco visto Narc - a história se repete, e não poderia ser melhor.


Esquadrão Classe A é um filme explosivo do início ao fim. O diretor usou e abusou de cenas de ação espetaculares, que saltam aos olhos e prendem o espectador na poltrona. Além disso, ainda sobrou tempo para realizar uma edição primorosa - cortesia de Roger Barton, o cara por trás, dentre outras, da montagem de filmes como Speed Racer. Tudo no filme está muito bem dosado, e a direção de Carnahan é elegante. Sua câmera alucinada em algumas sequências nos faz lembrar muito o "estilo" Michael Mann de ser, e isto não é pouca coisa.

O elenco do filme é um espetáculo a parte. Liam Neeson, Bradley Cooper e Quinton Jackson estão ótimos em seus personagens, e o espírito de equipe tão presente na série já pode ser notado logo nos primeiros minutos de projeção. Mas é o sul-africano Sharlto Copley que rouba a maioria das cenas. Se Distrito 9 mostrou ao mundo todo o talento deste impressionante ator, Esquadrão Classe A é a sua porta de entrada definitiva para o estrelato. E será mais do que merecido.

Bom também é perceber que Hollywood notou que filmes de ação não precisam necessariamente de explosões, tiroteios, socos e pontapés, e nada de história. Esquadrão Classe A apresenta um roteiro complexo e envolvente, que explora o potencial dos personagens (principalmente Murdock e Baracus, embora todos estejam muito bem representados), locações em países como México, Alemanha e no Oriente Médio, e um gancho mais do que óbvio - e muito bem explorado - para a inevitável sequencia. E será muito difícil sair da sessão sem vontade de assistir a mais uma missão do Grupo.

Parodiando a principal chamada do filme, fuja "realmente" do plano B e corra para os cinemas para assistir este filme. Afinal de contas, no gênero de ação, fugir do óbvio está cada dia mais difícil.

Cotação: ****

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Crítica: O Lorax - Em busca da Trúfula perdida

Crítica: Guardiões da Galáxia Vol. 3

Crítica: Os Pinguins de Madagascar