Crítica: o final de "Lost"

No dia 23 de maio de 2010, o mundo finalmente conheceu o final da série que mudou a forma de se produzir dramaturgia para a televisão nos dias de hoje.

Depois de LOST, a TV americana - e muito possivelmente outras ao redor do mundo - nunca mais serão as mesmas.

A narrativa inovadora, a qualidade do texto (que namorava ciência, misticismo, religião e história) e a excelência do seu elenco eram muitos dos fatores que faziam da série um fenômeno em diversos aspectos; seja pela audiência na TV, na internet, em grupos de discussão e até mesmo nos jogos on-line. LOST se tornou um marco na cultura pop recente, um marco comparável ao que foi STAR WARS na década de 70.

Ao longo das seis temporadas, o espectador foi sendo apresentado a um grupo de personagens memoráveis, que por muito tempo ainda estarão na cabeça das pessoas. Jack, Locke, Kate, Desmond, Ben, Hurley, Sayid, Sayer, Juliet, Sun, Charlie, Faraday, Mr. Eko... a lista é imensa. Alguns estiveram presentes do início ao fim. Outros, participaram de parte da história. Mas no final, percebemos que eles todos eram a chave, a alma, desta série campeã.

Os produtores de LOST tinham uma tarefa inglória nas mãos nesta derradeira temporada: em pouco mais de 15 horas, os muitos mistérios gerados ao longo da série e que ainda não tinham sido respondidos teriam de ser desvendados. Isto, ao menos, era o que queriam os fãs. Mas, no entanto, até aquele momento todos acreditavam que LOST era uma série sobre mistérios. Se estava planejado ou não, pouco importa. O que acontece é que em seu final, LOST deixou claro que era uma série sobre PESSOAS, sobre seus PERSONAGENS.

A tradução de LOST é PERDIDOS. Soa bem. Todos aqueles personagens estavam perdidos em suas vidas. No fim, vemos, todos parecem encontrar seu caminho.

Muitas perguntas ficaram no ar. O que é a ilha? O que eram os números? Ok, sei disso. LOST criou terreno para se tornar cult. Por muitos e muitos anos, estas perguntas estarão na cabeça das pessoas. Cada um criará a sua versão, quem sabe num gibi, num livro, num game... ou quem sabe numa nova série de TV? A mitologia por trás de LOST não acabou. O que acabou, sim, foi a história daqueles perdidos...

E que história. LOST em seus 6 anos de existência, nos fez sentir diversas emoções. Nos fez rir, com as tiradas do "dude" Hurley; nos fez sentir raiva, sempre que Michael Emerson aprontava suas maldades como Ben; nos deixou em estado de choque, quando Michael atirou a sangue frio em Ana Lucia e depois em Libby; e nos tinha feito chorar, principalmente com a história de amor de Desmond e Penny. Mas nada foi comparável a emoção causada por "The End", o episódio final. Profundo, denso, pertubador e perfeito em todos os aspectos, o final de LOST é uma experiência para refletir e pensar por muitos e muitos dias. Um exemplo de como devemos valorizar a vida. De como devemos valorizar os momentos que passamos com as pessoas que amamos.

LOST mais uma vez conseguiu nos surpreender. Uma pena que desta vez tenha sido a última surpresa. Mas quero acreditar que alguma coisa ainda está por vir...

Se você ainda não viu o episódio, um conselho: separe uma caixa extra de lenços descartáveis. E se você soluçar demais, acredite: existe alguém que ficou mais emocionado que você!


Cotação: ****

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