Crítica: Homem de Ferro 2

No já longínquo 2000, quando X-Men - o filme foi lançado, filmes de quadrinhos eram uma aposta arriscada. O motivo, no entanto, era mais do que nobre: adaptações ruins, roteiros de qualidade duvidosa e astros interpretando sem levar a sério os personagens. Bom saber que depois de tantos erros, Hollywood está aprendendo a lição.

A indústria de quadrinhos gera milhões de dólares a nível mundial. No japão, os mangás fazem parte da vida cotidiana, assim como os games. No entanto, o cinema sempre teve dificuldade em enxergar estas duas poderosas indústrias do mundo pop com o devido respeito que elas merecem. A situação começou a reverter quando se percebeu que utilizando as boas idéias aliado a uma produção competente que valorizava o material original, as coisas poderiam dar muito certo.

Com este objetivo em mente, a Marvel lançou-se como produtora cinematográfica, para cuidar de suas "crias" (ou pelo menos aquelas que ainda não estavam licenciadas para outros estúdios) e iniciar uma jornada que até agora tem se mostrado por demais vitoriosa.

O primeiro Homem de Ferro foi o primeiro filme da nova produtora. Inicialmente olhado com desconfiança - principalmente por se tratar de um personagem menos conhecido do grande público - tornou-se hit no verão de 2008, apostando em uma história leve e bem desenvolvida, grandes astros no elenco e um diretor que gostava do personagem. Depois, veio O Incrível Hulk, filme que apesar de não ter feito o mesmo sucesso, conseguiu apagar de nossas memórias a sofrível outra adaptação do herói dirigida por Ang Lee em 2003. Com os dois filmes, a Marvel também mostrou outro passo mais ousado que estava disposta a dar: consolidar seu universo de heróis no cinema.


Homem de Ferro 2 é a prova dos rumos que a Marvel quer tomar com sua produção cinematográfica. Mantendo tudo o que funcionou no primeiro filme - aventura e bom humor na medida certa - o diretor Jon Favreau ainda conseguiu apresentar nada mais nada menos que três novos heróis da confraria da editora - Nick Fury, Viúva Negra e o Máquina de Combate. Samuel L. Jackson agora tem um papel de mais destaque, e a SHIELD já é uma realidade. Scarlett Johansson demora a dizer a que veio, mas quando seu personagem entra em ação fica difícil não grudar os olhos na tela. E Don Cheadle substitui Terrence Howard de forma satisfatória no papel de melhor amigo de Tony Stark, mandando ver com a armadura prateada do Máquina de Combate.

Mas a razão do sucesso do filme, sem dúvida, continua a ser a inspirada atuação de Robert Downey Jr. Como Tony Stark, ele consegue ter os melhores momentos do filme. O ator parece ter nascido para este papel, e o desempenha de forma tão natural, que é notório ver o quanto ele está se divertindo. Como outras adições ao elenco estrelado, temos Sam Rockwell e Mickey Rourke como os dois nêmesis do herói nesta segunda empreitada. Ambos estão ótimos.

Jon Favreau também optou por um caminho diferente do habitual nas outras adaptações de HQ. Primeiro, apostou em desenvolver muito bem o personagem, deixando as explosões e cenas de ação em segundo plano - mas tudo muito bem dosado. E também está desenvolvendo a mitologia do herói sem apelar de cara para seu inimigo mais famoso, no caso, o Mandarim, que ainda sequer surgiu nas duas adaptações, embora haja no primeiro uma pequena "pista" de sua existência. É como fazer vários filmes do Superman sem Lex Luthor. Quer prova maior de que o cara conhece muito bem o material que tem em mãos?

Além de conseguir inaugurar uma nova era de seus super-heróis nas telas, a Marvel também está fazendo a maior concorrente abrir o olho. Lanterna Verde será lançado no ano que vem, e a DC já revelou que haverá no filme menções a Gotham City e ao Superman. Flash e Mulher Maravilha também estão a caminho, além dos próximos filmes do Cavaleiro das Trevas e do Kriptoniano. Liga da Justiça, certo?

Homem de Ferro 2 é garantia de divertimento. Os próximos passos da Marvel são Thor e Capitão América. Boas notícias de que serão grandes filmes não faltam. Então, fica a dica: fiquem até o final da sessão. Sempre surge uma boa surpresa nas indústrias Stark.

Cotação: ***

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