Crítica: Fúria de Titãs

Quando Gus Van Sant realizou o equivocado remake de Psicose nos anos 90, muita gente torceu o nariz. O que era dito de forma mais recorrente era: para que uma nova versão de um clássico tão importante e atemporal como o filme de Alfred Hitchcock? A questão toda, no entanto, não é de se fazer ou não um filme. É como fazer.

Neste ponto, Louis Leterrier ganha alguns pontos. Afinal de contas, o diretor produziu este novo Fúria de Titãs em plena era da tecnologia visual na indústria cinematográfica, o que é uma grande evolução frente ao clássico da década de 80 que ainda utilizava a simplificada técnica da animação stop motion.


Pena ser o único impacto da produção. Grandioso em efeitos visuais, com cenários espetaculares, figurinos impecáveis (o diretor, inclusive, é um grande fã do anime Cavaleiros do Zodíaco; fique de olho nas armaduras usadas pelos deuses, e verá uma homenagem mais do que clara ao célebre desenho) e algumas das maiores criaturas já produzidas em CGI para o cinema, diretor e produtores devem ter pensado já ter produto suficiente para entreter as platéias do mundo todo. Adicionaram a mistura uma porca transposição para o 3D na pós-produção - com claro objetivo de lucrar mais um pouco em cima do sucesso alcançado meses antes por Avatar - e uma campanha de marketing que valorizava a ação desenfreada em detrimento ao fato de ser a refilmagem de um clássico querido por muita gente. Ou seja, cometeram diversos erros, alguns deles os mesmos que estão sendo cometidos aos baldes por muitos outros cineastas por aí.

A história está deixando de ter importância, assim como as atuações. Em Fúria de Titãs, o segundo ponto está ainda mais claro: Sam Worthington confirma que é o Cigano Igor do cinema americano. Notem no filme: o ator está com a mesma cara que mostrou em Exterminador do Futuro: a salvação e Avatar. Sobra até para Ralph Fiennes. Sua interpretação como Hades está tão equivocada que em alguns momentos parece que Lord Voldemort se mandou de Hogwarts para a Grécia Antiga. Liam Neeson bem que tenta, mas só faz o trivial. O restante do elenco, não vale nem a pena comentar.

Como recursos extras do roteiro, alguns personagens adicionais são acrescentados a trama, o que a diferencia levemente do filme original. E são exatamente os pontos mais fracos. Quanto ao último ato, a aparição do Kraken é fantástica, no entanto sua derrota é tão previsível que o impacto de ver o monstro perde o brilho - e a insossa atriz que faz a princesa Andrômeda também contribui negativamente para o resultado final.

Fúria de Titãs deixa no espectador aquela sensação meio desconfortável de que poderia ser melhor. Mitologia grega é um tema rico demais, e temos outras pretensas séries no forno para falar sobre o tema (um novo capítulo de Percy Jackson e a adaptação do videogame God of War são alguns dos mais comentados). Mas se continuar nesse ritmo, vai ser preciso uma coragem de Hércules e muito fôlego para encarar o "trabalho" que será ir aos cinemas. Ou simplesmente será mais fácil escolher o caminho menos heróico e pular fora.

Cotação: **

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