Crítica: Zona Verde
A Supremacia Bourne e O Ultimato Bourne, os dois últimos filmes da trilogia do agente desmemoriado, mudaram os conceitos em Hollywood de como se produzir um filme de ação. Uma revolução que pode ser comparada, por exemplo, ao que foi Jurassic Park para os efeitos especiais. Por trás de tudo isto, estava Paul Greengrass.
O diretor, que já havia demonstrado um talento indiscutível no trabalho realizado em Vôo 93 - com o qual teve a sua primeira indicação ao Oscar - encontrou na adaptação dos livros de Robert Lundlum o sucesso comercial e de crítica. Além disso, começou a parceria com o ator Matt Damon, que tornaria possível este novo Zona Verde.
Se no passado o diretor havia apoiado as versões do governo americano para a queda do avião da United, retratada em Vôo 93, em seu novo filme o que está em xeque é a veracidade das motivações que teriam levado os Estados Unidos a invadirem o Iraque em 2003, quando foi destronado o regime ditatorial de Saddam Hussein. Para a imprensa e a opinião pública, a invasão americana tinha por objetivo encontrar e destruir um potencial arsenal de armas químicas, e instaurar um regime democrático no país. No entanto, passou-se o tempo e nada era encontrado, e, para piorar, muitos soldados americanos e aliados morriam sem que se conseguisse controlar a situação dentro do país. O filme explora exatamente esta questão, e o faz de forma brilhante. O roteiro é conciso, bem amarrado, e vai deixar qualquer um ligado em "teorias conspiratórias" de cabelos em pé.
Por serem eventos muito recentes, é interessante verificar como o diretor retrata este conturbado período da era George W. Bush. A integridade da alta inteligência americana é atacada sem piedade, assim como a organização do exército americano na capital Bagdah. O personagem de Matt Damon, no entanto, é o soldado americano ideal: justo, corajoso e cheio de boas intensões, um verdadeiro Capitão América. Nada que comprometa o resultado final.
Tecnicamente, o filme também é um prodígio. Greengrass usa e abusa da câmera na mão em tomadas de ação que chegam a enjoar tal qual se assemelham a uma montanha russa. Não faltam planos sequência cheios de movimentação e realistas; a certo ponto, você se sentirá em meio a guerra (que dirá se o filme tivesse sido rodado em 3D estereoscópico). O som é utilizado de forma elegante - não é daqueles filmes de Guerra que vão fazer você ficar surdo ao invés de aproveitar a experiência. Enfim, tudo se adequa ao estilo perfeccionista do diretor.
Zona Verde é um filme do nosso tempo. E no cinema, parece que o tempo está para Paul Greengrass. E os cinéfilos agradecem.
Cotação: ****
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