Crítica: As Melhores Coisas do Mundo

Falar da adolescência é sempre complicado para um cineasta. Geralmente, acaba-se caindo no lugar comum. Em raros casos, no entanto, estereótipos são quebrados e histórias interessantes são contadas. No cinema internacional, podemos enumerar vários casos: Aos Treze, Vamos Nessa!, Ninguém pode saber, E sua mãe também. Até o recente Educação. Por aqui, já é coisa nova. E parte de uma reinvenção que o cinema nacional está buscando fazer.

As Melhores Coisas do Mundo é o segundo exemplar desta safra de "filmes sobre jovens". O primeiro, Apenas o fim, foi uma produção universitária que explorava o fim de um relacionamento entre dois universitários cariocas em meio a muita gíria e cultura pop. Coube, então, a Laís Bodanzky voltar um pouco para trás e falar de adolescentes.

A diretora de Bicho de Sete Cabeças e Chega de Saudade surpreende mais uma vez com este trabalho, a começar pela escolha do elenco. A maioria dos jovens - incluído aí o protagonista - nunca haviam atuado profissionalmente. Nas mãos de um diretor de atores menos experiente, a iniciativa poderia se converter em um baita fracasso. Não acontece aqui. Os atores parecem a vontade em seus papéis, e tudo se desenvolve com certa naturalidade. Gabriela Rocha, que faz a jovem Carol, é a prova viva desta indagação. Sua atuação é cativante, e é difícil terminar de ver o filme sem torcer por um final feliz pra ela.

A história que a diretora resolveu levar aos cinemas é uma síntese de uma série de livros chamada "Mano", nome do protagonista também do filme. Mano é um garoto de 15 anos que está passando por todos os conflitos possíveis na idade, entre eles o início da vida sexual. Apesar de levar uma vida aparentemente feliz, sofre ao descobrir que o casamento dos pais está acabando por conta de um caso extra-conjugal do pai com outro homem. A situação se descontrola ainda mais quando seu irmão começa a apresentar sintomas de depressão por conta de um relacionamento amoroso. Além de conviver com a situação difícil na família, Mano ainda enfrenta problemas com colegas da escola quando a situação de seu pai vira notícia, e ainda se entristece pela falta de atenção por parte da menina por quem ele supostamente é apaixonado.

O filme foi acusado por muitos de ser datado e previsível. Talvez, para os mais novos, tudo aquilo pareça representar uma alegoria deles próprios. No entanto, se você já passou há algum tempo da adolescência, fica uma sensação gostosa de nostalgia. Um filme como As Melhores coisas do Mundo parece existir para nos acordar e nos fazer lembrar que, não importa qual seja a fase, ela só acontece uma vez na vida.

Se você entrar no cinema e depois de um tempo ainda não conseguir entender o título do filme, retroceda no tempo; lembre de sua adolescência. Assim, vai ficar fácil matar a charada. Mas se mesmo com isso ainda permanecer a dúvida, Laís Bodanzky responderá no ato final, de uma maneira emocionante e com uma simplicidade sem igual. Afinal de contas, o caminho para a felicidade as vezes passa pelas coisas mais simples.

Cotação: ***

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