Crítica: Simplesmente Complicado

O camaleão, na natureza, é aquele bicho que camufla sua pele com cores semelhantes ao ambiente, objetivando tornar-se invisível aos predadores. Ou seja, ele nunca estará parecido se você o enxergar duas vezes em um longo espaço de tempo.

No cinema, o camaleão atende pelo nome de Maryl Streep.

Em sua longa carreira, a atriz já foi uma mulher divorciada lutando pela guarda do filho; uma dona de casa que se apaixona perdidamente por um forasteiro; uma morta-viva com toques cômicos; uma florista ingênua; uma freira amargurada; uma hippie dona de um hotel na Grécia; uma alta executiva de caráter duvidoso da indústria de moda feminina, entre outras. Todas, se notarmos, são mulheres totalmente diferentes. Em comum, somente a interpretação fantástica desta dama do cinema americano.

Falar da carreira de Maryl Streep é falar do cinema americano contemporâneo, do qual a atriz é figura marcante em diversos aspectos. Dona do recorde de indicações ao Oscar, levou o prêmio apenas duas vezes (pelos filmes Kramer Vs Kramer e A escolha de Sofia). O que não diminui em nada seu respeito dentro da indústria de Hollywood. A atriz conseguiu minar o preconceito agarrando papéis prestigiosos para atrizes veteranas, o que até alguns anos não era comum. Se considerarmos seu magistral retrato da cozinheira Julia Child em Julie & Julia, entendemos rapidamente o motivo.

É neste contexto que a comédia Simplesmente Complicado ganha pontos. O novo filme de Nancy Meyers segue a linha do recente Alguém tem que ceder, brincando com a questão da chegada da “idade” para as estrelas do cinema americano. Só que, diferente do filme anterior, aqui a diretora peca por depender demais do talento de Maryl Streep. O resultado é que quando a estrela não está presente, o filme é arrastado. Alec Baldwin e Steve Martin bem que tentam, mas não conseguem fazer presença frente ao brilho da atriz. John Krasinski (que faz o genro da personagem de Streep) é o único do elenco que consegue aparecer, e rouba algumas cenas. O roteiro é recheado de clichês, como toda e qualquer comédia romântica que se preze. Mas algumas situações são bem exploradas.

O filme atende bem ao programa de fim de semana descompromissado. Mas fica a sensação que poderia ser melhor. Se fizer um pouco de diferença, podemos pensar da seguinte forma: estamos acompanhando mais um desempenho sensacional de Maryl Streep. E se você ler de novo este texto, vai perceber que é realmente isso o que vale a pena por este ingresso.

Cotação: **

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