Crítica: Ilha do Medo

Antes de começar esta crítica, vamos aos fatos: esqueça o péssimo título nacional do mais novo filme do mestre Martin Scorcese. Shutter Island é um muito bem amarrado suspense psicológico, e não um filme de horror, como sugere o título no Brasil.

E o que mais poderíamos esperar do homem que dirigiu filmes como Taxi Driver, Touro Indomável, A Época da Inocência e tantos outros clássicos? Marty quase não erra, e mesmo quando acontece, a gente perdoa. E não foi dessa vez que ele errou. Misturando elementos de linguagem de outros de seus filmes com típicos "clichês" dos filmes de suspense do século 21 (o farol te lembra alguma coisa?), o diretor consegue fugir do óbvio e entregar um filme que nos surpreende pelo conjunto, e não por acertos individuais.


Um grande conjunto, por sinal. Desde a trilha sonora intensa, que nos primeiros minutos já situa e coloca o espectador dentro do clima de suspense; a fotografia, que usa e abusa dos jogos de câmera e dos planos fechados que intensificam a sensação de perigo constante proposta pelo roteiro; e da impressionante montagem, que congrega de forma perfeita imagem e som em cada frame. Ah, sim, não podemos esquecer: Leonardo Di Caprio. Em sua mais nova parceria com Scorcese, entrega mais uma grande performance, jogando por terra de vez a antiga imagem de galã adolescente. O ator e todo o elenco mostram que, com um gênio por trás das câmeras orquestrando o show, é impossível que haja uma atuação ruim.

O filme conta a história de um detetive e seu parceiro (Di Caprio e Mark Ruffalo), que são enviados a uma ilha que abriga uma instituição psiquiátrica que trata apenas de criminosos, quando uma das detentas subitamente desaparece sem deixar vestígios. Enquanto os dois se embrenham na investigação, descobrem que nem tudo na Ilha é o que parece, incluindo alguns dos funcionários do local, como o psiquiatra chefe (interpretado de forma brilhante por Ben Kingsley). Os dois são envolvidos em um jogo psicológico que embaralhará a cabeça dos mais desatentos. No entanto, se você prestar bastante atenção, vai achar que matou o segredo do filme ainda na metade; e estará redondamente enganado...

De forma mais simplificada, Shutter Island é uma prova mais do que concreta de que a maldição do Oscar não pegou Martin Scorcese. Muito pelo contrário. Fica de olho, Academia. Começamos 2010 com o pé direito. E é isso aí.

Cotação: ****

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