Crítica: Um olhar do Paraíso
Peter Jackson se apaixonou pelo livro "Uma vida interrompida: memórias de um anjo assassinado" pouco depois de finalizar a trilogia Senhor dos Anéis, e adquiriu os direitos do livro. Neste meio tempo, dirigiu King Kong e produziu Distrito 9. Sua defesa para a história da menina brutalmente assassinada que continua do além a vigiar a vida de seus familiares e do assassino, no entanto, não empolga e nem de perto emociona se comparada a obra na qual é inspirada.
Falta a Um olhar no paraíso uma característica fundamental: definir-se como um tipo específico de filme. O diretor neozelandes se perde na narrativa, e o público acaba sem saber se está acompanhando um drama ou um filme de suspense. E pior: o filme não consegue funcionar em nenhuma das duas vertentes; Um olhar no paraíso depende demais da força de sua protagonista, a impressionante Saoirse Ronan (que também brilhou em Desejo e Reparação). A atriz mirim entrega uma atuação cativante, e os melhores momentos do filme são aqueles em que ela dá o ar de sua graça.
Considerando o talento de Peter Jackson para a direção de atores, fica difícil entender o motivo das atuações equivocadas de Mark Wahlberg e Susan Sarandon, respectivamente nos papéis de pai e avó da menina assassinada. Wahlberg passa do limite do caricato e não consegue convencer, e estamos falando de um personagem com um potencial dramático expressivo, logo, o ator acabou desperdiçando uma grande chance.
Apesar destes enganos e do roteiro fraco (que altera diversas passagens do romance, não necessariamente para a melhor), o filme conseguiu emplacar presença no Oscar através da indicação de Stanley Tucci como coadjuvante. A atuação tão alardeada do ator me parece um exagero típico de uma tentativa da academia de se regenerar por não ter reconhecido o trabalho do ator anteriormente. O personagem é bem apresentado, no entanto nem de longe é uma das melhores performances do ano.
Talvez o filme não tenha agradado as platéias e feito o sucesso que era esperado também pela maneira como trata de temas religiosos polêmicos. Além disso, é essencialmente espírita tanto no visual quanto na narrativa.
Parece que a pressão pós-Terra Média não está fazendo bem a Peter Jackson. Esperemos que o talento que ele já demonstrou anteriormente esteja presente em sua próxima empreitada. Afinal de contas, o céu é o limite.
Cotação: **
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