Crítica: A Fita Branca

Logo no começo da narrativa, somos avisados que a história que se pretende contar pode servir como exemplo para explicar alguns dos acontecimentos ocorridos naquele país nos anos seguintes. O recado não poderia ser mais óbvio. “A Fita Branca” é um estudo antropológico sobre as raízes culturais da geração alemã que abraçou o nazismo.

Sem medo de ser polêmico, o filme acompanha a história de uma aldeia Alemã, entre os anos de 1913 e 1914, pouco antes do início da 1ª Guerra Mundial, onde estranhos incidentes começam a ocorrer. O cineasta Michael Haneke (do também excelente “Caché”) tem mostrado em seus últimos trabalhos temas que costumam provocar perplexidade e mal-estar, muito em parte por abordarem a violência, seja ela física ou psicológica. Em “A Fita Branca” não é diferente. A medida que a história vai se desenvolvendo, o espectador vai descobrindo verdades que não são tão fáceis assim de assimilar, e realmente incômodas.

Em uma entrevista recente sobre seu trabalho – que é favoritíssimo ao Oscar de melhor filme estrangeiro – o diretor Austríaco ponderou que seu filme não é sobre a Alemanha ou sobre a mentalidade de um determinado povo; é, sim, um estudo sobre as raízes da maldade na natureza humana. A escolha de uma fotografia em preto e branco foi, antes mesmo de um recurso estilístico, vital para compor o clima exposto pelo roteiro. O trabalho do fotógrafo Christian Berger é belíssimo de ser ver, e com justiça indicado ao Oscar 2010 na categoria. Para não dizer que tudo é perfeito, o filme é um pouco mais longo do que o necessário, e em alguns momentos antes de seu clímax torna-se demasiado lento e cansativo.

No geral, trata-se de um filme impressionante e um dos melhores exemplares da safra internacional a pintar no Oscar nos últimos anos (lembrando que filmes excelentes como Cidade de Deus, Deixa ela entrar e 4 meses, 3 semanas e 2 dias foram solenemente ignorados em anos anteriores). Sempre bom saber que não precisamos nos prender a acompanhar essa ou aquela cinematografia. Tem muita coisa boa sendo produzida por este mundo afora.

Cotação: ***

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