Crítica: Sherlock Holmes

É complicado quando nos atrevemos a mexer com clássicos, principalmente se estivermos falando de um personagem conhecido a nível mundial. Pois Guy Ritchie deve estar sentindo este gostinho na pele, porém com um bocado de prazer. Seu Sherlock Holmes é uma reinvenção saudável e pra lá de divertida do célebre personagem de Sir Arthur Conan Doyle.


O filme - que já é um sucesso comercial e de crítica, com mais de 300 milhões de dólares arrecadados mundialmente - flerta de forma bastante eficaz com as características marcantes do personagem (sua genialidade no exercício da dedução, as constantes crises de depressão, o talento nos ringues e a aptidão com o violino), bagunçando o visual outrora pomposo; Holmes, aqui, troca as roupas clássicas por modelos mais simples, e ao invés de chapéu mostra constantemente o cabelo desarrumado. Mas estamos falando de Robert Downey Jr., logo, o visual não poderia ser mais compatível. O ator está extremamente à vontade em cena, se divertindo a valer, e aproveitando o bom momento na carreira. Seu parceiro em cena, Jude Law, não poderia ter sido uma escolha mais feliz. O ator foge completamente do estilo que estamos acostumados a pensar que teria o Dr. Watson, e entrega uma atuação concisa e divertida. Sem falar que a química entre os dois atores é excelente - e o roteiro aproveita para alfinetar o que seria só uma "grande amizade".

O cuidado com os detalhes é claramente visto nos primeiros minutos de projeção. A Londres Vitoriana é retratada de forma espetacular, mesclando cenários reais (as cenas no parlamento e no museu marítimo de Greenwich), com uso inteligente do Chroma Key (Piccadily Circus e a estátua de Eros voltam magicamente anos no tempo, bem como as Ruas Baker e a Regent) e espetaculares imagens em computação gráfica (a Tower Bridge em construção é um deleite para os olhos). Uma direção de arte impressionante, e desde já minha favorita para o Oscar.

A história ajuda e muito o filme a funcionar. Focando no possível último caso de Holmes e Watson juntos, o roteiro tem boas sacadas e as piadas não são gratuitas. O que parecia ser uma trama sobrenatural que não condizia muito com o personagem, revela-se mais como... bem, deixe as deduções por conta de Holmes. O que importa é que o ritmo é acelerado, bem amarrado e o final não deixa pontas soltas, ainda preparando o público para a inevitável sequência, em estilo muito similar a Batman Begins. Aliás, para quem conhece o personagem, a surpresa do final acaba sendo balela; você já descobre muito antes quem está por trás de tudo aquilo. Isso, no entanto, não compromete em nada o resultado final.

Se os Blockbusters de 2010 seguirem no ritmo de Sherlock Holmes, então teremos um ano pra lá de interessante. Mas, caso tudo falhe, poderemos reencontrar o personagem provavelmente já em 2012. Se o mundo não acabar até lá. Elementar, meus caros. Isso, talvez nem Holmes possa nos ajudar a deduzir.

Cotação: ***

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