Crítica: Avatar

Em 1997, James Cameron se auto proclamou o "rei do mundo", depois do bilhão de dólares e da tonelada de prêmios ganhos pelo seu Titanic. Muitos acreditaram nele, mas, gente, não é bem assim. É verdade que estamos falando de uma figura importante do cinema americano, principalmente considerando sua paixão pelos efeitos visuais e sua visão da importância dos mesmos. No entanto, apesar de seus filmes angariarem recordes, nenhum deles é realmente inesquecível no ponto que considero mais importante: a história. Nem este novo Avatar.



O burburinho em torno desta nova produção começou há algum tempo, enquanto o diretor desenvolvia a tecnologia que dizia ser necessária para tirar o projeto do papel. Foram mais de 10 anos, parte dos quais ele também se dedicou a documentários sobre os destroços do Titanic. Naturalmente, especulações sobre a história eram freqüentes, e durante algum tempo acreditou-se que seria a adaptação do mangá Battle Angel Alita, cujos direitos pertencem a Cameron. No entanto, quando revelou o título da obra e alguns detalhes do roteiro, ficou-se sabendo que se tratava de mais uma ficção científica, desta vez ambientada em outro mundo, no caso o satélite chamado de Pandora, habitado por todo tipo de criaturas que se pode imaginar, e também pelos humanóides chamados Na´vi.

A grande estrela do filme, por sinal, é Pandora. A tecnologia desenvolvida pelo diretor o permitiu criar um mundo digital totalmente crível, e a interação do mesmo com os atores é tão perfeita que quase se pode acreditar que aquilo é tudo real. Os tão falados efeitos 3D do filme intensificam a sensação, pois os cenários desfilam na tela mais intensos, provocando uma interação que não se resume a gotas de orvalho e animais voando em sua direção (não espere isso neste filme, ok?). É uma completa utilização do ambiente, uma profundidade de campo que nunca havia sido vista na interação de atores com cenários digitais. Impressionante.

No entanto, termina por aí. O que, convenhamos, não segura as quase 3 horas de filme. A história é aquela já contada inúmeras vezes: rapaz conhece uma moça, os dois são diferentes, estão em lados apostos, e juntos lutarão para mudar esta situação. Pronto. Parece familiar? Troque os humanóides azulados por nobres e Pandora por Verona e parece até que estamos falando de Romeu e Julieta...

É claro que existem sacadas no roteiro, e a principal é a interação existente entre os Na´vi e a natureza, típico clichê politicamente correto, que, convenhamos, está super na moda. Mas a mensagem de defesa do meio ambiente é até dada de uma forma interessante, pois o que o filme mostra é que os seres humanos são cruéis, insensíveis, e interessados apenas em enriquecer se aproveitando da natureza. Se James Cameron estiver errado, que os burocratas presentes em Copenhagem recentemente atirem a primeira pedra...

James Cameron pode ter acertado com os efeitos visuais, mas errou feio com os efeitos sonoros. Os urros dos animais são cópias descaradas dos utilizados em Jurassic Park. Fica a impressão de que foram utilizados os mesmos arquivos de som, não se produzindo nada original ou diferente. Ficou chato, Sr. Rei do Mundo...

Quanto aos atores, ora, o que importa são os Avatares, certo? Ainda bem que existe Sigourney Weaver para segurar a barra. Os demais, ficam entre o caricato e o canastrão. Sam Worthington se esforça, mas ainda não segura um filme desse porte sozinho como protagonista.

Em suma, Avatar foi feito sob medida para ganhar muito dinheiro nas bilheterias. Diverte? Sim, claro. Não vai mudar a sua vida, mas também não vai te deixar aborrecido ao sair do cinema.

Cotação: **

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